A cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, viu o estopim de uma bomba no início de 1995. Sob o nome de Mukeka di Rato (a escrita entrega a influência do hardcore finlandês na época), quatro jovens se juntaram para destruir o mundo. Sim, porque a tarefa de salvá-lo deixaram para alguns mártires samaritanos (do marketing) cuja atitude reluz ainda hoje (hello Mr. Al Gore!).
A arma escolhida para aniquilar o planeta foi uma combinação altamente explosiva e que tem dado certo: sarcasmo + bases rápidas e pesadas x vocais velozes [alternando entre gutural, esganiçado e impúbere] - letras de amor com rima fácil. Esta fórmula até agora rendeu a Sandro (voz), Mozine (baixo/voz), Paulista (guitarra/voz) e Brek (bateria) uma consolidada carreira no cenário independente, que inclui os discos Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra (1997), Gaiola (1999), Acabar Com Você (2001) e Máquina de Fazer (2004). Sem falar em shows pelo país, a presença em festivais tradicionais e lançamentos no exterior: EUA, Suécia, Austrália, Finlândia e Japão. Aliás, a “terra do sol nascente” tem um capítulo à parte na história recente do MDR. A longa admiração pelos ruídos do outro lado do globo sempre agradou o quarteto e este ano, do fim de abril até o começo de maio, eles fizeram uma turnê por lá – foram 10 shows em nove cidades diferentes e um empolgado público local (não a colônia brasileira sedenta por qualquer produto verde e amarelo que pinte por lá!).
Ok, mas e a bomba estoura ou não? Sim, uma já foi, em 06 de Agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, em Hiroshima. Agora, em 06 de Agosto de 2007, outra cai no Brasil em formato de CD, içada pela Deckdisc, produzida por Rafael Ramos e com a alcunha de Carne. A detonação marca não só a volta de Sandro (que saiu em 2001 e regressou no ano passado), mas o (eterno) retorno àquela equação já citada acima, porém acrescida de mais megatons na forma de 14 faixas. Seus compostos não economizam na ironia, na agressividade e, ainda, na subjetividade. O conteúdo é atual e reflete a visão de quem vive no Terceiro Mundo – vide Borboleta Azul, Vencer Na Vida, Cachaça e Jogo do Bicho.
Sem seguir a cartilha do dito punk e suas regras pré-estabelecidas que mais se assemelham às das grandes corporações, o Mukeka tem personalidade própria e nunca se prendeu à retidão do hardcore. Assim como Fugazi, Napalm Death, The Smiths e AC/DC dentro de seus estilos. Desse modo, malemolência entra na roda, seja com um groove torto em Produtos Químicos Eletrodomésticos ou no dub/reggae tão comum em improvisos ao vivo e que rola em T.G.E.. O carro-chefe é Rinha de Magnata, que com letra e coros fortes funde ironia e rock ácido. Efeitos semelhantes são encontrados em Frações, Refrações e Proporções. Se a fumaça subiu e não dá para respirar, Animal e Enxurrada causam o mesmo sintoma (ou você é capaz de acompanhar a cantoria de Sandro?).
Mukeka di Rato é hardcore, mas de um modo diferente. De palito de dente no canto da boca, não de franja e roupinha descolada. De chinelo de dedo, não de coturno. Sem dedo na cara – isso não faz o tipo deles, que estão mais para personagens folclóricos “feios” que Monteiro Lobato deixou de fora de sua obra – o MDR faz críticas sociais, mas de forma arguciosa, como em Voltar A Viver e Você É Você!. Pedro e Alfa reflete o estresse cotidiano e o vazio existencial de um trabalhador que através do rock tenta abstrair do caos que o cerca.
Nas letras, assinadas por Sandro e Mozine, estão angústias reais (não fúteis) e aparecem questionamentos em torno de política, religião e sociedade. Mas nada de discursos panfletários ou pseudo-engajados de quem leu um livro só, a clarividência dá o tom. No encerramento, a faixa que deu nome ao disco antevê o apocalipse: uma orgia geopolítica com John Wayne, Bento 16, Bush, Osama, cowboys vampiros arianos e índios crucificados.
Está aberta a contagem regressiva para o fim dos tempos, a campanha pela destruição do mundo está lançada. A trilha sonora fica por conta do Mukeka di Rato, afinal de contas alguma coisa boa o acontecimento teria que render. [Resenha por Ricardo Tibiu - Agosto/2007]
1 x de R$30,00 sem juros | Total R$30,00 | |
2 x de R$16,39 | Total R$32,78 | |
3 x de R$11,09 | Total R$33,26 | |
4 x de R$8,40 | Total R$33,60 | |
5 x de R$6,75 | Total R$33,77 | |
6 x de R$5,66 | Total R$33,95 | |
7 x de R$4,86 | Total R$34,02 | |
8 x de R$4,27 | Total R$34,19 | |
9 x de R$3,82 | Total R$34,41 | |
10 x de R$3,45 | Total R$34,53 | |
11 x de R$3,15 | Total R$34,70 | |
12 x de R$2,90 | Total R$34,81 |